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Ailton Elisiário

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O autor é economista, advogado, professor da Universidade Estadual da Paraíba e membro da Academia de Letras de Campina Grande.

Biu do Violão 664e5f

Por Ailton Elisiário
Publicado em 9 de junho de 2025 às 10:36

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Neste dia 5 de junho de 2025 noticiou-se a agem para a eternidade de Biu do Violão. Os meios de comunicação tradicionais de Campina Grande divulgaram a notícia e nas redes sociais sua partida foi muito comentada e lamentada. Sem dúvidas, deixou as pessoas que o conheciam não somente entristecidas, mas relembradas de momentos que com ele conviveram, notadamente no Calçadão da Cardoso Vieira, local muito visitado do centro da cidade aonde ele sempre se dirigia.

Biu do Violão era muito conhecido pessoalmente, mas poucos o conheciam em sua intimidade. A começar pelo seu nome que, por ser chamado de Biu, a dedução lógica é que era Severino. No entanto, há quem diga que era Carlos, Carlos Bill. O fato é que sendo mesmo o seu verdadeiro nome Severino Salviano da Costa, seu nome para todos era Biu do Violão. E com este nome fez sua história em Campina.

Sua origem, mais ainda desconhecida. Não se sabe de onde Biu veio e nem quando chegou aqui. Alguns dizem que era pernambucano, da cidade de Orobó. Foi dito que faleceu com mais de 80 anos, mais precisamente com 83 anos de idade. Há quem diga também que ele tinha duas irmãs, Maria e Sílvia, de quem não se têm notícias. O que se fala é que durante tempos mais distantes, exerceu as atividades de engraxate, carroceiro e lavador de carros, até que encontrou no violão a forma encantadora de viver a vida. Desde os anos da década de 1960 que Biu já caminhava pelas ruas campinenses.

O violão era o seu amigo inseparável. Dificilmente se encontrava Biu sem o seu violão. No Calçadão, nas ruas, nas praças, nos restaurantes, nos bares, onde quer que se encontrasse, lá estava ele com o violão, dedilhando suas canções que, invariavelmente, eram as do cantor Roberto Carlos, a quem reconhecia como o maior cantor do mundo e através do qual viera a conhecer inúmeros outros cantores. De todas as vezes que Roberto Carlos esteve aqui fazendo os seus shows, Biu do Violão foi por ele recebido, abraçado e prestigiado, o que o deixava muito orgulhoso. Dizia-se amigo do Rei.

Biu era um artista de rua. Tocava seu violão e às vezes pedia dinheiro. Agradava as pessoas, indistintamente, além de conhecê-las pelo nome. Conversava sobre tudo, mormente sobre política e música. Dava entrevistas nas emissoras de rádio. Um curta metragem foi feito com ele. Ao longo de sua vida morou em casas de família, em imóveis de aluguel, estando desde os anos da pandemia aos seus últimos dias hospedado em uma casa de apoio, debilitado pelas enfermidades adquiridas nos seus pouco mais de 80 anos.

Não nutria uma relação de amizade com Biu, até porque todos temos poucos amigos. Mas, o tinha na maior consideração pela pessoa que era, simples, humilde, respeitador, de coração largo, alegre, de bem com a vida e com seu violão. Sempre que nos encontrávamos sua primeira pergunta após os cumprimentos era pelo meu amigo José Leite, de Representações Borborema, a quem o tratava como a mim mesmo. E assim era Biu do Violão com todos e com tudo.

Descansou nosso Biu do Violão. Sim, nosso, porque fez parte do folclore de Campina Grande, à semelhança de outras figuras que também habitam a memória dos campinenses, como Zé Bonitinho e Pedro Cancha. Foi homenageado pelo poeta Astier Basílio em sua poesia Biu do Violão, na qual verseja dizendo “para mim a alma do Calçadão inicia em Biu do Violão”. Agora, é agradecermos a Deus por tê-lo tido entre nós, fazendo parte de nossas vidas e o guardando na saudade pronunciando “o resto é paia”, expressão que ele sempre dizia ao final das suas conversas. Ele foi uma lenda de Campina Grande. Descanse em paz, Biu do Violão.

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